Três performers, dois homens e uma mulher (Henrique Fagundes, Nícolas Lobato, Ser Cnti), nus, cobertos parcialmente por pequenos retalhos de pano, comendo selvagemente 10 cachorros-quentes, com uma animação da pintura "O Nascimento de Vênus", de Sandro Botticelli, projetados neles, em uma performance que teve duração média de uma hora.
A performance “Porcaliza” ou “O Nascimento de Vênus” foi realizada no dia 26/06/2015 as 20h no Atelier de Arte Gráfica no Viaduto Otavio Rocha, integrando a exposição VIADUVIDA - Exposição de Arte Degenerada – dos estudantes do Instituto de artes UFRGS em Porto Alegre - RS. A ação dos três performers baseia-se em comer com veemência cachorros-quentes enquanto lhes é projetada uma animação da obra “O Nascimento de Vênus” de Sandro Botticelli, gerando desconforto, contraste e unidade. Os registros configuram o trabalho de uma fotoperformance que, com dialogo prévio entre performers e fotógrafo, captura instantes e cenas importantes que decorreram durante a ação.
A projeção da Vênus reflete o belo, o puro e virgem, acadêmico, preservado. Interpondo-se à projeção estão três corpos comendo fervorosamente, desprendendo-se da etiqueta, do pudor, do medo e do conservadorismo. Em seu ritual de alimentação, os corpos irradiam selvageria, que contrasta com a Vênus imaculada atrás. Esse contraste começa a se mesclar ao longo dos movimentos viscerais: o sujo, o selvagem e o instintivo começam a se tornar cânone da beleza, a gênese do belo começa a aparecer na crueza daquelas ações.
O corpo resistente age violentamente, expurgando as regras uma vez colocadas a ele, fechando-se em relação ao mundo exterior, desfazendo-se de apegos, julgamentos e críticas e em direção à liberdade, externalizando aquilo que o retinha. Após, entra-se em um momento de calma, suavidade, serenidade, chega-se no clímax do acúmulo de alimento, então cessa o instinto e inicia a aceitação do excesso ingerido, a absolvição própria e a introspecção, o conhecimento de si.
A partir do referencial do ato de comer como um ritual que é idealizado recria-se um novo ritual, no qual a comida é percepção, massa e integra o corpo. Aquilo que adentra o corpo é sabido, não é mais visível, passa a pertencer ao corpo. O prazer e o sabor são subvertidos. A comida que interage com o corpo, no visível e externo, opera e integra a massa do humano, em um processo de incorporação; é corpo diverso, mas em uma composição indissociável. O ato de comer ocorre durante toda a performance e toma proporção de dar unidade aos corpos, fechando-os sobre si mesmos. Por meio do comer é que se configura a ação e na ação é que é reconfigurado.
A essa massa, matéria, corpo-comida-ação, justapõe-se a cor, a luz e sombras resultantes da projeção, distorcendo a pintura formalmente ao mesmo tempo em que passa a fazer parte daquilo a que se opõe semanticamente. As formas das figuras renascentistas planas são tridimensionalizadas e distorcidas assim como o cânone de beleza é deturpado. É um movimento de antítese, desmantelamento e recriação simultâneas registrado pelas lentes formando nova experiência artística.
A projeção da Vênus reflete o belo, o puro e virgem, acadêmico, preservado. Interpondo-se à projeção estão três corpos comendo fervorosamente, desprendendo-se da etiqueta, do pudor, do medo e do conservadorismo. Em seu ritual de alimentação, os corpos irradiam selvageria, que contrasta com a Vênus imaculada atrás. Esse contraste começa a se mesclar ao longo dos movimentos viscerais: o sujo, o selvagem e o instintivo começam a se tornar cânone da beleza, a gênese do belo começa a aparecer na crueza daquelas ações.
O corpo resistente age violentamente, expurgando as regras uma vez colocadas a ele, fechando-se em relação ao mundo exterior, desfazendo-se de apegos, julgamentos e críticas e em direção à liberdade, externalizando aquilo que o retinha. Após, entra-se em um momento de calma, suavidade, serenidade, chega-se no clímax do acúmulo de alimento, então cessa o instinto e inicia a aceitação do excesso ingerido, a absolvição própria e a introspecção, o conhecimento de si.
A partir do referencial do ato de comer como um ritual que é idealizado recria-se um novo ritual, no qual a comida é percepção, massa e integra o corpo. Aquilo que adentra o corpo é sabido, não é mais visível, passa a pertencer ao corpo. O prazer e o sabor são subvertidos. A comida que interage com o corpo, no visível e externo, opera e integra a massa do humano, em um processo de incorporação; é corpo diverso, mas em uma composição indissociável. O ato de comer ocorre durante toda a performance e toma proporção de dar unidade aos corpos, fechando-os sobre si mesmos. Por meio do comer é que se configura a ação e na ação é que é reconfigurado.
A essa massa, matéria, corpo-comida-ação, justapõe-se a cor, a luz e sombras resultantes da projeção, distorcendo a pintura formalmente ao mesmo tempo em que passa a fazer parte daquilo a que se opõe semanticamente. As formas das figuras renascentistas planas são tridimensionalizadas e distorcidas assim como o cânone de beleza é deturpado. É um movimento de antítese, desmantelamento e recriação simultâneas registrado pelas lentes formando nova experiência artística.